Foto: Annie Spratt
Tudo que existe, possui uma história e a Pandora Artesanato também tem uma.
Por incrível que pareça a ideia inicial, vem de uma máquina de costura bem velhinha de marca @Singer. Pois é, se a máquina de costura falasse iria contar sua trajetória por três gerações.
Minha avó (já falecida) dona Deusdite, ficou viúva ainda muito jovem e com cinco filhos para criar. Morava num interior de uma cidadezinha esquecida no mapa, com muito sacrifício conseguiu comprar o sonho de consumo. A máquina era usada dia e noite para dá conta das encomendas. Enquanto minha avó produzia camisas, minha mãe e minha tia faziam o acabamento. Bordavam ponto cruz, no colarinho e em partes da camisa num tecido de linho com uma trama bem pequena. Detalhe que não tinha luz elétrica e a noite utilizavam candeeiro.
Quando minha avó faleceu, a máquina ficou com minha mãe na qual usou para sustentar a família durante muitos anos. Eu cresci, vendo ela bordar rechilieu na máquina, para vestido de noiva, cama, toalha de mesa e roupa. Depois, nos mudamos para outro Estado e aqui em Sergipe ficamos. Estabelecemos num município do qual uma das maiores fontes de renda era o artesanato em ponto cruz.
Sendo assim, eu aprendi a bordar ponto cruz e crochê. Os comerciantes compravam as peças já bordadas e nos fazíamos o acabamento, que era a bainha na máquina de costura e bico em crochê. É dessa forma, existia muitas mulheres que faziam a mesma coisa, a preço muito, mais muito baixo.
Minha mãe passou a máquina para me é eu continuei a fazer o mesmo trabalho, até que fui obrigada a comprar uma máquina moderna elétrica para dá conta das encomendas.
Comecei a questionar o valor porque, pasme você, eu recebia por um paninho de prato para fazer a bainha 0,05 centavos, e com esse valor não tinha como pagar a energia que era gasta pela máquina. Aos poucos fui me afastando desse trabalho e comecei a fazer enxoval para bebê. Era uma novidade, e eu tinha muitas encomendas. Eu sentia tanto prazer em fazer, e olhe que para criar uma peça eu tinha que comprar revistas importadas que custavam caríssimo, além do que tudo demorava para fazer, porque os materiais só tinha na capital. Ao final do trabalho que eu passava o valor para o cliente, elas começavam a reclamar porque o preço estava muito alto e ao invés de comprar o jogo completo me pediam apenas uma ou duas peças e no máximo três.
Dessa forma, me desestimulei e parei de bordar. Fui para faculdade, me tornei especialista em Saúde Pública com formação em Serviço Social. Atuei por cinco anos, entrei em depressão por problemas afetivos, pedi demissão e fiquei dois anos em casa.
É depois disso tudo, redescobri o crochê novamente. Sem ter ajuda de ninguém comecei a fazer crochê e não sabia pra quem vender. Comecei a vê umas feirinhas de artesanato no instagram, entrei em contato com uma dessas organizadoras para ir a minha primeira feirinha. Por conta desse evento tive que criar um instagram para o crochê que se chamava @croche_da_ré.
Eu não vendi nenhuma peça nessa feirinha, mas ganhei experiência e fiz amigos. Comprei minha máquina de cartão de crédito, mudei o instagram porque não estava tão profissional e assim nasceu @pandorartesanato. Mandei fazer etiquetas em acrílico personalizada para minhas peças e os clientes amaram.
Bom, essa é nossa história resumida...
espero que você entre e faça parte dessa estória também,
porque estamos apenas começando😊